segunda-feira, 5 de março de 2012

PERSPECTIVA SIDERURGIA:Ternium deve começar a sinalizar planos p/ Usiminas


   São Paulo, 5 de março de 2012 - Após a recente mudança no comando, com a
entrada de um executivo da Ternium na presidência da Usiminas, o mercado
espera mais clareza em relação à estratégia para a siderúrgica brasileira.
Além de detalhes sobre como será conduzida a gestão, questões como os
projetos de autossufiência em minério de ferro da companhia e a entrada da
Usiminas em novos mercados deverão ser os pontos-chave para trazer de volta a
confiança do mercado na retomada do crescimento da Usiminas.

   "A Ternium ainda não apontou nenhum caminho a ser seguido. Provavelmente
na divulgação dos resultados do ano passado, a Ternium deve passar uma visão
mais geral do que pretendem fazer. Como a empresa atua em todo o continente
americano, devem existir alguns clientes potenciais para Usiminas em segmentos
que a Ternium não atua ou não consegue atender", aponta Leonardo Zanfelício,
analista da Concórdia Corretora. "Existem sinergias que a Usiminas deve
capturar com a entrada da Ternium no bloco de controle. A Ternium tem
deficiência na produção em chapas grossas, o que pode ser uma troca benéfica
para a Usiminas", ressalta Marco Aurélio Barbosa, analista chefe da
Coinvalores.

   No final de janeiro, Julián Eguren, executivo que deixou a presidência da
subsidiária da Ternium no México, tomou posse como diretor-presidente da
Usiminas, assumindo o posto de Wilson Brumer, que liderava a companhia desde
2010. A Ternium pertence ao Grupo Techint, que passou a ter 27,66% de
participação na Usiminas, dividindo o controle da companhia com a japonesa
Nippon Steel, que detém 29,44% das ações. Em meados de fevereiro, o Conselho
de Administração da Usiminas reestruturou a diretoria, nomeando quatro novos
executivos.

   "Vai demorar um tempo para percebermos mudanças, que devem ser sinalizadas
após o balanço financeiro de 2011, ficando mais visível a estratégia de
curto prazo. Imagino que a companhia deva aumentar a intensidade do processo de
corte de gastos e intensificar o foco no negócio principal da Usiminas nos
próximos meses", afirma Barbosa.

   Ambos os analistas destacam a expectativa de que a companhia traga notícias
do andamento dos projetos de autossuficiência em minério de ferro. "Antes
mesmo da Ternium, a Usiminas já tinha como meta buscar não só a
autossuficiência como, inclusive, ser exportadora de minério de ferro até
2015, como acontece com a CSN. A projeção é de uma produção de 29 milhões
de toneladas por ano nesse prazo", diz Zanfelício.

   Em fevereiro do ano passado, a companhia fechou acordo com a MMX para
embarcar minério de ferro pelo Superporto Sudeste. A partir do início da
operação do porto, no próximo ano, o volume embarcado aumentará
gradativamente de 4 milhões de toneladas para 8 milhões, em 2014, e para 12
milhões de toneladas anuais em 2015 e 2016. O acordo com a MMX prevê a opção
 de renovar o contrato por mais um a cinco anos.

   O mais recente movimento nesse sentido foi a compra da Mineração Ouro
Negro, na região de Serra Azul, no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais,
por US$ 267 milhões, em novembro passado. As reservas vizinhas à área onde a
Usiminas já possui direitos minerários é estimada em 200 milhões de
toneladas de minério de ferro, totalizando cerca de 550 milhões de toneladas
em reservas.

   "O desenvolvimento dos investimentos em minério de ferro é ponto crucial.
A empresa tem dado vários passos no sentido de melhorar o abastecimento de
matéria-prima, fator que trouxe pressão das margens no decorrer de 2011", diz
Barbosa. "A maior vantagem diz respeito ao acordo com a MMX, devido à
questão logística, já que a Usiminas pretende destinar 40% da produção de
minério de ferro para o mercado externo", completa.

   Para o analista do BB Investimentos, Victor Penna, esses fundamentos a
médio e longo prazos justificam o valor pago pela Ternium, cerca de 80%
superior ao preço das ações da Usiminas na época. "A Usiminas está em
segmento muito prejudicado, com margens pressionadas. A Ternium pagou caro para
entrar no controle da companhia, olhando um valor potencial no futuro", afirma
Penna.

   Em relação ao resultado do quarto trimestre de 2011, a expectativa é que
os números ainda venham fracos, abaixo do desempenho de 2010, devido à
pressão de custos e à concorrência com as importações, que penalizaram a
companhia no ano passado. "A empresa vai buscar maior eficiência operacional e
de processo, mas é algo que não acontece tão rapidamente. Isso vai ficar
mais claro no final do ano, quando for possível avaliar os ganhos com a nova
gestão", ressalta Zenfelício.

    Paula Pereira / Agência Leia

    Edição: Laelya Longo

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