Mundial é lição para investidores entenderem os riscos de operar small caps
SÃO PAULO – O mercado acionário às vezes consegue iludir os seus investidores, levando-os a tomar decisões que muitas vezes irracionais, agindo quase que por impulso. O sonho de enriquecer através de small caps, ações de empresas menores e que, em algumas vezes, registram uma valorização estratosférica, pode se tornar um pesadelo para aqueles menos cuidadosos, que se vêem posicionados fortemente nesse papéis carregados de forte volatilidade.
O recente caso da Mundial (MNDL3, MNDL4) é um exemplo disso: após subir mais de 1.000% em pouco mais de três meses, os papéis dessa companhia acumularam perdas de mais de 80% em apenas três dias. Há quem tenha ganho dinheiro com essa operação, é verdade, mas também há muitos outros que montaram suas posições por volta da semana passada, quando as ações PN eram negociadas na faixa dos R$ 5,00. No pregão da última segunda-feira (25), esses mesmos papéis fecharam a R$ 0,82.
Mundial é exemplo e lição
Para Silvio Hilgert, o ocorrido com a Mundial é uma oportunidade de aprendizado para os investidores, que assim devem aprender a ter parcimônia na hora de montar posições em ações tão voláteis. “Essas situações são até interessantes para que as pessoas tenham consciência, usando-as como lições”, ressaltando o valor pedagógico de que uma operação errada pode gerar no investidor, além de sua crença que outros episódios como esses voltarão a acontecer.
Já Leandro Martins, acredita que a Mundial era fadada a esse movimento, considerando que investir nesses ativos era uma espécie de aventura. “A empresa passava por muitas notícias boas, reestruturação de dívida, rumores de aquisição, era fora de normal. Tudo que tem um movimento muito abrupto, o investidor tem que desconfiar”, chama a atenção Martins, que recomenda, nesses casos, migrar para ações com movimentação mais comum.
“Tudo que sobe muito rápido, também desce muito rápido e às vezes o investidor não tem nem a oportunidade de 'stoppar' (sair do papel antes de perder quantidades indesejadas)”, lembra Martins.
Atenção aos fundamentos é essencial
Contudo, Antonio Montiel, responsável pela parte educacional da UM Investimentos, lembra que no caso da Mundial, a empresa tinha alguns bons fundamentos, e que isso fez com que a especulação fosse desenfreada. “A questão fundamental é que se confundiu as duas coisas, tentaram justificar a especulação através da fundamentalista, mas ninguém parou para ver qual era o real valor da companhia”, explica Montiel.
Ele inclusive chama a atenção para o valor patrimonial, um indicativo do preço excessivo que a ação estava sendo negociada. “O valor patrimonial atualmente é R$ 0,32 e a ação chegou a valer mais de R$ 5,00. Tava na cara de que tinha algo errado, nenhuma ação pode valer mais que 800 vezes o seu valor patrimonial”, exalta o diretor da UM Educacional.
Hilgert lembra que não havia fundamentos que justificassem a alta – que chegou a ser superior a 1.500% nas ações preferenciais da companhia e a 2.000% nas ações ordinárias. “Se analisassem os fundamentos, viriam que era totalmente irreal, analisando os números, veriam a insustentabilidade da operação, que não fazia sentido nenhum”, finalizou.
Martins também chama a atenção para o volume "fora do normal" apresentado pelas ações da Mundial, que por muitos pregões figurou entre os cinco maiores giros financeiros da bolsa brasileira, ficando na frente até das ações ordinárias de Petrobras (PETR3) e Vale (VALE3). “É pro investidor desconfiar”, complementa Martins.
Saber que existem esses riscos é a solução
Para evitar que o investidor seja vítima de um movimento como o da Mundial nos últimos dias, Martins recomenda muito estudo sobre o mercado. “O investidor tem que aprender sobre o risco”, afirma Martins. “Ele perde grande parte de seu capital e não volta para bolsa, ou se endivida tentando aproveitar da situação, o que é ainda pior”, complementa.
Por sua vez, Montiel, chama a atenção para o perfil dos investidores desse tipo de papel, que possuem altas e quedas muito atreladas a movimentos especulativos. “Tem que ter o perfil agressivo para se posicionar, um investidor de longo prazo querer se aproveitar disso é um problema”, lembra, chamando a atenção para a falta de estratégia aparente de alguns investidores, que por muitas vezes se deixam levar pela ilusão de enriquecimento fácil na bolsa.
Hilgert também chama a atenção para o "efeito manada" que é gerado em momentos de muita euforia dos investidores. “Há movimentos gerados por boatos e acabam sendo seguidos por cada vez mais gente, o que acaba inflando o preço de maneira injustificada”, lembra.
Como operar esse tipo de ação?
Mesmo com o perigo de um caso da Mundial, Hilbert não recomenda evitar completamente esse tipo de operação. “Não diria para não comprar papéis de small caps, mas para ter cuidado, pois o risco é grande”. Ele chega a afirmar que muito do movimento é fruto de um exagero. “Muitas vezes as pessoas são levadas pelo ganho fácil, principalmente os pequenos investidores, sem estratégia”.
Já Montiel chama a atenção para a diversificação necessária nas carteiras de cada investidor para mitigar os riscos, não colocando todo o capital em uma ação desse tipo. Martins concorda com essa estratégia, mas também destaca a importância de se investir em ações com bons fundamentos e histórico de liquidez favorável, para evitar pulos excessivos nos preços dos papéis, como foi o caso da Mundial.
“Até papéis com maior liquidez, como a BM&F Bovespa (BVMF3) já chegaram a cair 8% em um dia e ações como a Mundial chegam a subir 30% ou cair 30% em um dia”, afirma Martins. Isso ficou evidente no próprio pregão desta segunda-feira (25), em que as ações PN da Mundial fecharam com alta de 18,84%, após chegarem a cair 26,09% no intraday.
Diante dessa forte volatilidade, Martins argumenta que o ideal mesmo seria evitar esse tipo de papel. “É diferente de uma empresa que sobe 3% por dia”, lembrando de ações que se mostraram mais estáveis no processo de crescimento, como a Hering (HGTX3), que até 2008 era tida como uma small cap com pouca expressividade, mas acumulou fortes e sólidas altas em 2009 (+287,68%), 2010 (+183,26%) e 2011 (+21,84%, até o dia 25 de julho).
Em meio a todas essas recomendações, Hilbert dá um simples conselho para o investidor que, mesmo assim, deseja operar com esse papel: "vá devagar, o risco é grande", concluiu.
Para Silvio Hilgert, o ocorrido com a Mundial é uma oportunidade de aprendizado para os investidores, que assim devem aprender a ter parcimônia na hora de montar posições em ações tão voláteis. “Essas situações são até interessantes para que as pessoas tenham consciência, usando-as como lições”, ressaltando o valor pedagógico de que uma operação errada pode gerar no investidor, além de sua crença que outros episódios como esses voltarão a acontecer.
Já Leandro Martins, acredita que a Mundial era fadada a esse movimento, considerando que investir nesses ativos era uma espécie de aventura. “A empresa passava por muitas notícias boas, reestruturação de dívida, rumores de aquisição, era fora de normal. Tudo que tem um movimento muito abrupto, o investidor tem que desconfiar”, chama a atenção Martins, que recomenda, nesses casos, migrar para ações com movimentação mais comum.
“Tudo que sobe muito rápido, também desce muito rápido e às vezes o investidor não tem nem a oportunidade de 'stoppar' (sair do papel antes de perder quantidades indesejadas)”, lembra Martins.
Atenção aos fundamentos é essencial
Contudo, Antonio Montiel, responsável pela parte educacional da UM Investimentos, lembra que no caso da Mundial, a empresa tinha alguns bons fundamentos, e que isso fez com que a especulação fosse desenfreada. “A questão fundamental é que se confundiu as duas coisas, tentaram justificar a especulação através da fundamentalista, mas ninguém parou para ver qual era o real valor da companhia”, explica Montiel.
Ele inclusive chama a atenção para o valor patrimonial, um indicativo do preço excessivo que a ação estava sendo negociada. “O valor patrimonial atualmente é R$ 0,32 e a ação chegou a valer mais de R$ 5,00. Tava na cara de que tinha algo errado, nenhuma ação pode valer mais que 800 vezes o seu valor patrimonial”, exalta o diretor da UM Educacional.
Hilgert lembra que não havia fundamentos que justificassem a alta – que chegou a ser superior a 1.500% nas ações preferenciais da companhia e a 2.000% nas ações ordinárias. “Se analisassem os fundamentos, viriam que era totalmente irreal, analisando os números, veriam a insustentabilidade da operação, que não fazia sentido nenhum”, finalizou.
Martins também chama a atenção para o volume "fora do normal" apresentado pelas ações da Mundial, que por muitos pregões figurou entre os cinco maiores giros financeiros da bolsa brasileira, ficando na frente até das ações ordinárias de Petrobras (PETR3) e Vale (VALE3). “É pro investidor desconfiar”, complementa Martins.
Saber que existem esses riscos é a solução
Para evitar que o investidor seja vítima de um movimento como o da Mundial nos últimos dias, Martins recomenda muito estudo sobre o mercado. “O investidor tem que aprender sobre o risco”, afirma Martins. “Ele perde grande parte de seu capital e não volta para bolsa, ou se endivida tentando aproveitar da situação, o que é ainda pior”, complementa.
Por sua vez, Montiel, chama a atenção para o perfil dos investidores desse tipo de papel, que possuem altas e quedas muito atreladas a movimentos especulativos. “Tem que ter o perfil agressivo para se posicionar, um investidor de longo prazo querer se aproveitar disso é um problema”, lembra, chamando a atenção para a falta de estratégia aparente de alguns investidores, que por muitas vezes se deixam levar pela ilusão de enriquecimento fácil na bolsa.
Hilgert também chama a atenção para o "efeito manada" que é gerado em momentos de muita euforia dos investidores. “Há movimentos gerados por boatos e acabam sendo seguidos por cada vez mais gente, o que acaba inflando o preço de maneira injustificada”, lembra.
Como operar esse tipo de ação?
Mesmo com o perigo de um caso da Mundial, Hilbert não recomenda evitar completamente esse tipo de operação. “Não diria para não comprar papéis de small caps, mas para ter cuidado, pois o risco é grande”. Ele chega a afirmar que muito do movimento é fruto de um exagero. “Muitas vezes as pessoas são levadas pelo ganho fácil, principalmente os pequenos investidores, sem estratégia”.
Já Montiel chama a atenção para a diversificação necessária nas carteiras de cada investidor para mitigar os riscos, não colocando todo o capital em uma ação desse tipo. Martins concorda com essa estratégia, mas também destaca a importância de se investir em ações com bons fundamentos e histórico de liquidez favorável, para evitar pulos excessivos nos preços dos papéis, como foi o caso da Mundial.
“Até papéis com maior liquidez, como a BM&F Bovespa (BVMF3) já chegaram a cair 8% em um dia e ações como a Mundial chegam a subir 30% ou cair 30% em um dia”, afirma Martins. Isso ficou evidente no próprio pregão desta segunda-feira (25), em que as ações PN da Mundial fecharam com alta de 18,84%, após chegarem a cair 26,09% no intraday.
Diante dessa forte volatilidade, Martins argumenta que o ideal mesmo seria evitar esse tipo de papel. “É diferente de uma empresa que sobe 3% por dia”, lembrando de ações que se mostraram mais estáveis no processo de crescimento, como a Hering (HGTX3), que até 2008 era tida como uma small cap com pouca expressividade, mas acumulou fortes e sólidas altas em 2009 (+287,68%), 2010 (+183,26%) e 2011 (+21,84%, até o dia 25 de julho).
Em meio a todas essas recomendações, Hilbert dá um simples conselho para o investidor que, mesmo assim, deseja operar com esse papel: "vá devagar, o risco é grande", concluiu.
Fonte: InfoMoney
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