terça-feira, 29 de novembro de 2011

Bradesco está mais perto de levar Losango




Financeira do grupo HSBC pode ser grande cartada da instituição, que perdeu parcerias no varejo para o Itaú.

A troca do comando na Losango, hoje nas mãos do HSBC, já é dada como certa entre os varejistas que possuem acordo com a promotora de vendas, que é a líder no segmento de crédito direto ao consumidor, com fatia de 24% do mercado.

Um executivo de alto escalão do grupo Máquina de Vendas, maior parceiro da financeira, afirmou ao Brasil Econômico que já espera um novo operador para o negócio.

Procurado, o HSBC diz apenas que não comenta rumores. Os boatos aumentaram desde a venda da operação de alta renda da instituição no Chile para o Itaú, no início de outubro, e da necessidade do banco de reduzir o quadro de funcionários e vender ativos que não são considerados estratégicos, em busca de melhoria de composição de capital e dívida.

A Losango, nesse quadro de mudanças, não atenderia mais aos objetivos do controlador. Nos últimos dois anos, o banco passou a priorizar cada vez mais o segmento de alta renda e pessoa jurídica no Brasil.

Mas se não interessa ao HSBC, a Losango é vista como uma das últimas oportunidades de grande escala no segmento de financiamento ao consumo e por isso interessados não devem faltar. O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou na semana passada, em Nova York, que estava "observando" a oferta da Losango. Procurado ontem, o banco não quis se estender sobre o assunto.

O Bradesco é encarado por especialista como o maior interessado na compra da financeira. E é o principal candidato. "O banco tem um apetite por crescimento e por retomar a liderança no mercado brasileiro", afirma o consultor Boanerges Ramos Freire, presidente da Boanerges & Cia.

Ele destaca justamente o acordo da Losango com a Máquina de Vendas - formada por Ricardo Eletro, Insinuante, City Lar e Eletro Shopping -, uma das maiores em faturamento e que representa grande potencial para novos financiamentos.

No campo de parceria com grandes varejistas, o Itaú possui larga vantagem, o que torna uma nova disputa menos interessante para o banco da família Setubal e Moreira Salles. Em abril, a instituição derrotou o Bradesco na disputa pelos 49% da Carrefour Soluções Financeiras. Também possui 50% das financeiras ligadas ao Grupo Pão de Açúcar e à Magazine Luiza.

Das grandes redes varejista, o Bradesco administra, desde 2005, a emissão de cartões da Casas Bahia. Mas essa parceria está em xeque desde meados de 2010, quando o Grupo Pão de Açúcar concluiu os termos da compra da rede varejista dos Klein - abrindo discussão sobre a manutenção da parceria ou extensão da sociedade já mantida pela supermercadista com o Itaú.

Procurada, a Globex, que abriga a Casas Bahia e Ponto Frio, informou que foi formado um comitê que estuda qual a melhor política na área de crédito a ser adotada pela holding, mas não há um prazo para a conclusão desse estudo.

Além da possibilidade de perder a Casas Bahia e de ter sido preterido na disputa da Carrefour Soluções Financeiras, o Bradesco perdeu também o Banco Postal para o Banco do Brasil, que lhe dava acesso fácil à baixa renda.

Com o histórico recente, Boanerges acredita que deve ser grande o apetite do Bradesco pela Losango porque, além do porte da Máquina de Vendas - com faturamento esperado de R$ 7 bilhões para este ano -, existe a parceria com outros 23 mil parceiros de todos os portes. "É uma força de vendas grande e atende o público de baixa renda", explica.

É a presença em diferentes canais de venda, incluindo 70 lojas de rua, que deixa a Losango atrativa. No entanto, o analista da Austin Rating, Luis Miguel Santacreu, lembra que, em geral, financeiras possuem grande inadimplência - mas a capilaridade não pode ser menosprezada. "Essa é uma das últimas oportunidades com massa crítica para crédito à pessoa física", diz.

A maior parte das financeiras que sobrevivem no mercado brasileiro tem atuação regional. Ainda como fator de atratividade, a Losango vem reduzindo inadimplência, hoje em 4,45%, ante 5,33% em junho.

Fonte: Brasil Econômico

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