segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Criação de nova bolsa pode estimular mercado e reduzir tarifas, afirmam especialistas



A possibilidade de criação de uma nova bolsa no Brasil pode estimular o mercado, aumentando a concorrência e reduzindo os custos de operação, de acordo com especialistas do mercado.

Na última segunda-feira, a norte-americana Direct Edge anunciou que tem a intenção de abrir uma nova bolsa de valores no Brasil no final de 2012, com sede no Rio de Janeiro. Para o analista da Um Investimentos, Eduardo Oliveira, isto deve beneficiar quem investe em ações.

“Hoje nós temos um mercado monopolista, já que só tem BM&Fbovespa para operar. Então, esta é uma boa notícia para os investidores”, diz Oliveira. “Quanto mais empresas se tem em qualquer tipo de mercado, quem ganha é sempre o consumidor, ou neste caso, o investidor”, ressalta.

Segundo ele, com concorrência, as empresas tendem a oferecer serviços e produtos diferenciados ou então ganhar o cliente pelo preço. “Cada uma das duas bolsas vai querer aumentar seu market share e conquistar novos investidores. Com isso, elas devem oferecer novos serviços ou alguma vantagem em relação aos preços”, afirma Oliveira.

Para o CEO da Direct Edge, William O’Brien, a concorrência realmente deve estimular mudanças no mercado. “Nós acreditamos que uma segunda bolsa no país vai impulsionar ainda mais a participação dos investidores através da competição, que traz inovações e melhorias de preço”, disse.

Na visão de Oliveira, pressionada por um concorrente, a bolsa paulista deve ser estimulada a trazer novas tecnologias para o mercado local. “Principalmente em relação à rapidez de algumas operações. Se compararmos nossa bolsa com outras mundiais , em termos de velocidade, ainda temos muitos problemas”, diz Oliveira.

Ainda é cedo para avaliar

O economista-chefe Clodoir Vieira, afirma que ainda é cedo para saber se pode haver alguma mudança relevante para o investidor de varejo, com a chegada de uma nova bolsa de valores no País.

“Ainda não está claro quem vai operar nesta nova bolsa, se apenas os investidores estrangeiros e institucionais”, afirma Vieira. “Estes dois tipos de investidores são muito atrativos, já que representam mais de dois terços de todo o volume negociado na Bovespa e podem ser o alvo desta nova bolsa”, continua o economista.

Entretanto, ele concorda que, com a concorrência, é provável que as empresas ofereçam novos serviços para os investidores. “Quando estiver consolidada, a nova bolsa provavelmente vai adotar estratégias para conquistar os investidores”, afirma o economista.

Como funcionaria
O mercado de capitais brasileiro é formado apenas por uma bolsa de valores – a BM&FBovespa, com sede em São Paulo. Portanto, atualmente, todas as empresas de capital aberto no País são listadas na bolsa paulista.

Com a criação de uma nova bolsa, as empresas seriam listadas também na nova bolsa carioca. “A formação do preço das ações provavelmente vai acontecer no mercado que tiver maior volume de negociação e liquidez”, acredita Vieira.

Mercado fraco
No último ano, o mercado acionário nacional viu o número de investidores pessoa física recuar, à medida que o desempenho das ações enfrenta uma fase difícil. Influenciado pelos eventos externos e, principalmente, pelos problemas econômicos deflagrados na Europa, o mercado de renda variável tem sido uma opção arriscada este ano, por conta da forte volatilidade e aversão a risco.

Com isso, o número de CPFs cadastrados na bolsa caiu 3,66% em 2011, de 610.915 para 588.568 investidores entre janeiro e outubro. “A bolsa precisa de uma campanha mais forte para realmente atrair os investidores para este tipo de aplicação”, ressalta o economista da Souza Barros.

Outras bolsas no Brasil
A Direct Edge não é a única empresa interessada neste mercado brasileiro. Em fevereiro deste ano, a Bats Global Markets e a gestora Claritas assinaram um acordo para a exploração do mercado de capitais local.

À época, o vice-presidente sênior de desenvolvimento de negócios e marketing da Bats, Ken Conklin, disse à InfoMoney que a nova bolsa poderia ter preços mais atrativos em comparação àqueles oferecidos pela Bovespa e trazer tecnologias de ponta para o mercado de ações nacional.

Pressionada pela redução do número de investidores e pela possível chegada de concorrentes, a Bovespa anunciou na metade do ano uma nova política de tarifas, que inclui planos para isentar o investidor de varejo da taxa de custódia, cobrada mensalmente.


Fonte: InfoMoney

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