terça-feira, 5 de abril de 2011

Elevação no rating ajudará empresas na captação de recursos no exterior


Elevação no rating ajudará empresas na captação de recursos no exterior 


SÃO PAULO - O segundo trimestre do ano mal começou e o mercado já se depara com um grande acontecimento. A agência de classificação de risco Fitch elevou para "BBB" o rating do Brasil  em moeda local e estrangeira, com a perspectiva para a nota passando de positiva para estável. Embora analistas não esperem um grande impacto do anúncio na bolsa brasileira ou no câmbio, a expectativa é de que o fato seja muito favorável para empresas brasileiras que fazem captação no exterior.


Segundo Reginaldo Nogueira, doutor em economia e especialista em finanças internacionais do Ibmec-MG (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - Minas Gerais), a decisão da Fitch sobre o rating soberano brasileiro foi excelente. No entanto, o mais importante do anúncio foi a elevação do teto soberano nacional, que passou de "BBB" para "BBB+", o que significa que as empresas brasileiras podem ter suas notas elevadas até esse nível, explica o professor.

Esse teto mais alto propiciará às companhias nacionais a elevação de seus níveis de endividamento a taxas menores, complementa Nogueira.

Contudo, o professor do Ibmec ressalta que, embora as empresas brasileiras estejam aptas a receber um rating superior ao que está atribuído ao País, as principais agências de classificação de risco dificilmente tomam essa decisão, principalmente em se tratando de empresas de economias emergentes. "Vários estudos na literatura econômica apontam que o principal determinante para os ratings das companhias de países emergentes é a própria nota atribuída a esses países", diz Nogueira.

Não confunda "ambiente econômico favorável" com "empresa confiável"

A equipe da Austin Ratings também espera que o anúncio tenha um efeito positivo para as empresas que buscam financiamento no exterior, visto que essa decisão acaba trazendo maior tranquilidade ao credor internacional quanto ao fato dessas companhias honrarem suas dívidas.


Porém, o economista-chefe da Austin Ratings e colunista do Portal InfoMoney, Alex Agostini, diz que é muito importante destacar que cada setor ou empresa deve ser analisado separadamente, independentemente da situação macroeconômica desse país. "Embora a nota tenha um viés positivo para as companhias nacionais enquadradas nesse grupo, é importante ter em mente que cada caso é um caso", explica.

Complementando a ideia de Agostini, o analista de risco da Austin, Luis Miguel Santacreu, reforça que a revisão positiva do rating de um país pode indicar que a situação macroeconômica está muito favorável, mas isso não necessariamente implica dizer que as empresas desse mesmo país são dignas de confiança quando se trata de honrar suas dívdas. "Isso merece outra análise. Avaliar a situação macro de um país é uma coisa, e analisar a situação de uma empresa é outra completamente diferente", diz Santacreu.

E vice-versa

A recíproca dessa análise também é válida, explica Nogueira, do Ibmec. "Podemos ter por exemplo situações em que uma empresa tem condições de pagar suas dívidas, mas o país entrou em default e acabou levando ela junto", exemplifica o professor. Pelo fato das dívidas estarem lastreadas em moeda estrangeira, a empresa pode por muitas vezes ter o dinheiro necessário para honrar o que deve, mas o Banco Central do país não possuir essas divisas internacionais para fazer a conversão de moedas.

Fonte: InfoMoney

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